[GuestPost] Oie, tudo bem? 🙂 Meu nome é Bárbara Bárcia e estou aqui no Mala de Aventuras para compartilhar com vocês um roteiro muito especial, uma viagem de motorhome que fiz pelos parques nacionais dos Estados Unidos (Califórnia, Arizona, Nevada e Utah).
Por aqui vocês vão ler um pouco sobre esses 3.000km rodados em uma travessia de 4 estados e 5 parques nacionais: o Grand Canyon, o Brice Canyon, o Zion, o Yosemite e o Sequoia National Park.
Motorhome pela Califórnia, Arizona, Nevada e Utah: primeiros passos
A primeira dica para falar de uma viagem de motorhome é que você precisa QUERER fazer ela acontecer. É uma viagem que requer proatividade, parceria, e planejamento!
Eu sei que parece um sonho sair dirigindo sem rumo, mas nós (eu e meu namorado) precisávamos estar sempre atentos ao combustível e reservatórios de água suja e limpa para conseguirmos manter nossa autonomia com segurança.
A escolha do RV
Nosso primeiro passo, antes mesmo da passagem, foi entrar em contato com a Motorhome Trips e entender os modelos e valores de um RV (“recreational vehicle”, como esse veículo é chamado por lá).
Como o preço é calculado de acordo com oferta e demanda, recomendo ter uma antecedência de pelo menos 6 meses nesse planejamento, para garantir custos melhores do carro e vagas nos campings dos parques, que são bem concorridos.
Dica amiga: Não deixe de usar o código MALADEAVENTURAS para garantir um descontinho na reserva com a Motorhome Trips. É só entrar em contato com eles via WhatsApp!

Sabíamos que o menor veículo nos atenderia muito bem estando em apenas duas pessoas, para dirigirmos com mais tranquilidade, conseguirmos vagas com mais facilidade em camping, etc.
Porém, no nosso caso, o modelo C30 (de 30 pés) estava 500 dólares mais barato que o C25, e decidimos arriscar com ele, mesmo com um frio na barriga em relação a como seria dirigir um carro grande.
Spoiler: deu tudo certo.
A verdade é que ele foi muito útil, pois os campings dos parques que fomos não tinham chuveiros, então usamos bastante a estrutura do carro, e o C30 garantiu isso com mais conforto, pois, em teoria, ele atende até 7 pessoas.
Quanto custa alugar um motorhome nos EUA?
Quantos passageiros | Modelo indicado | Valor da diária |
---|---|---|
2 pessoas | Travellers Mini Van | a partir de 94* |
3 pessoas | El Monte RV Class B | a partir de USD 83* |
4 pessoas | Cruise America C21 | a partir de USD 76* |
5 pessoas | Cruise America C25 | a partir de USD 76* |
7 pessoas | Cruise America C30 | a partir de USD 105* |
* Importante considerar que os valores variam bastante de acordo com a cidade de retirada do RV e também de acordo com a época do ano.
Modelos que indicamos para:
- 2 pessoas: o C19 ou o T17 da Cruise America. São compactos, porém ágeis e aconchegantes.
- 4 pessoas: o C25 da Cruise America pode ser o ideal, além de confortável e econômico.
- 5+ pessoas: o C30 da Cruise America. Ele é grandão, então é válido intercalar a direção entre alguns dos integrantes, assim não fica tão cansativo para um único motorista.

Kit cozinha / cama / banho
Na Motorhome Trips eles oferecem a compra de um kit cozinha ($125 por carro) e kit de cama e banho ($75 por pessoa). Nós não compramos nenhum, pois vimos que sairia mais barato comprar o necessário no Walmart. Talvez o kit cozinha valha a pena se estiverem em mais de 4 pessoas.
No fim, acabou que dentro do nosso RV já tinha tudo isso, mesmo com a gente não pagando, e não tivemos que gastar com nada de utensílios.
De casa, levamos nossa cafeteira italiana, pois como nos campings dos parques que a gente ia ficar não tinha eletricidade para plugar o RV, sabíamos que precisaríamos contar apenas com o gás propano do veículo durante toda a viagem.
Seguro
Nós optamos pela cobertura total do seguro, que é de um valor de 20 dólares por dia. Achamos que valia a pena, pois só a franquia caso algo acontecesse seria de 2.500 dólares. Não quisemos arriscar.
Ah, eles alugam cadeiras de camping por 12 dólares! Alugamos e valeu muito, usávamos todos os dias quando parávamos em algum lugar.

Combustível
Nós gastamos cerca de 750 dólares no total. O C30 tem o consumo médio entre 7 e 13 milhas por galão. O carro bebe bastante, mas já tínhamos pesquisado e ficou até um pouco abaixo do nosso cálculo inicial.
Vou deixar aqui um link que usamos para fazer nosso cálculo antes da viagem.
Vale lembrar que o ideal é abastecer fora dos parques. Nós estávamos pagando entre $4,19 e $4,89 na gasolina comum (unleaded fuel) em setembro de 2024 e antes de entrar no Yosemite pela Tioga Road tomamos a facada de $5,99 o litro. Melhor mesmo se planejar!
Gás
Chequem TUDO! Recebemos essa orientação da Motorhome Trips e não demos muita bola, pois o profissional parecia explicar tudo muito bem. Porém, nosso reservatório de gás deveria estar cheio e só descobrimos que estava bem baixo no dia seguinte, já na estrada. Por essa motivo, nossa geladeira não funcionou bem nos dois primeiros dias.
Ligamos para a assistência da Cruise America, detectaram o problema e nos autorizaram a comprar um cooler e gelo (reembolsaram no final) até conseguirmos um posto para colocar gás novamente.
Aliás, nem sempre é fácil encontrar isso, pois eles só fazem esse serviço durante o dia e às vezes a pessoa responsável pela tarefa não está no local.
Fora essa dor de cabeça inicial, acabou que o cooler foi um ótimo aliado para armazenar as bebidas durante a viagem e gelar as cervejas (:
Recomendo checarem os níveis de gás, gasolina, água, e principalmente filmar toda a explicação para não esquecer quando forem fazer pela primeira vez cada coisa (tirar água suja, usar gerador, aquecedor, etc).
Ao retornar o carro, é importante encher o reservatório de gás. Vale saber que eles cobram algumas taxas caso você não queira se preocupar em retornar o carro com o tanque cheio e/ou com os reservatórios limpos.
Financeiramente sempre vale mais a pena entregar com tudo certinho e não pagar a taxa, mas dependendo da correria e do budget, essa pode ser uma alternativa. É uma escolha bastante pessoal.

Se você quiser ver um comparativo de custos entre uma viagem convencional de carro e uma viagem de motorhome pelos EUA, recomendo conferir esse post:
Aluguel de Motorhome nos EUA: quanto custa, roteiros e dicas para uma viagem incrível
Como montar um roteiro pelos parques nacionais dos EUA
Agora que já compartilhei todos os detalhes práticos do aluguel de motorhome, vamos para a parte mais gostosa do planejamento dessa viagem? Como montar um roteiro pelos parques nacionais dos EUA?
Minha primeira recomendação é utilizar o Google My Maps para tornar o planejamento da sua viagem mais organizado e eficiente. Além disso, ter um roteiro visual pode ajudar a fazer ajustes rápidos durante o percurso, facilitando uma experiência de viagem mais fluida e agradável.
Quantos dias separar para essa viagem?
Em linhas gerais, uma viagem por estes quatro estados americanos (Califórnia, Arizona, Nevada e Utah) pode durar entre 15 e 40 dias. Separei abaixo uma média considerada razoável para cada destino, assim você consegue ter uma ideia na hora de montar seu roteiro:
Califórnia
- San Francisco e Região: 3-4 dias (incluindo visitas a Napa Valley, Muir Woods, e áreas próximas)
- Costa da Califórnia (via Highway 1): 2-3 dias
- Los Angeles e Região: 2-3 dias
- Parque Nacional de Yosemite: 3-4 dias
Arizona
- Grand Canyon: 2-3 dias
- Sedona: 1-2 dias
- Petrified Forest National Park e Painted Desert: 1 dia
Nevada
- Las Vegas e Red Rock Canyon: 2-3 dias
- Lake Tahoe (se desejar incluir na rota): 2 dias
Utah
- Parques Nacionais de Zion e Bryce Canyon: 3-4 dias
- Monument Valley e Arches National Park: 2-3 dias
- Capitol Reef National Park: 1-2 dias
Importantíssimo considerar o tempo de deslocamento entre as cidades e parques, além de um tempo de descanso e flexibilidade no roteiro para quaisquer imprevistos.

Quando ir?
Nós optamos pela meia estação, pois quisemos evitar a super lotação dos parques no verão e férias escolares. Decidimos então que o outono (setembro) seria a nossa escolha, levando em consideração a temperatura agradável para as caminhadas e as cores lindas nas paisagens.
Ponto importante: se você quiser ver as cachoeiras do Yosemite cheias, o ideal é ir na primavera (entre abril e junho). A água é de degelo, então nessa época do ano elas elas estão belíssimas.
No outono, duas das cachoeiras, a Upper e a Lower, já não tinham água nenhuma. O Mirror Lake também era só areia. Ouvimos dizer por lá que maio é maravilhoso, então fica essa dica para os amantes de água 🙂

Entrada para os Parques Nacionais dos Estados Unidos
Se você pretende visitar os parques nacionais da Califórnia, Arizona, Nevada e Utah, tenho uma dica de ouro para ti.
Os ingressos para cada parque custam em torno de 35 dólares cada, mas o passe anual do “America The Beautiful” fica apenas 80 dólares e ele te dá acesso a todos os parques nacionais por um ano.
O passe é vendido em todas as entradas dos parques e você troca por um cartão nominal e intransferível que vale para o seu carro. Esse cartão deve ficar com você a viagem inteira, para apresentar na entrada de cada destino quando for solicitado.

Roteiro Califórnia, Arizona, Nevada e Utah
O sudoeste dos Estados Unidos é repleto de parques nacionais incríveis e paisagens geologicamente grandiosas nos estados da Califórnia, Arizona, Nevada e Utah.
Nós já tínhamos ouvido falar no Yosemite e Grand Canyon, mas sabíamos muito pouco sobre quanto tempo ficar em cada lugar. Foi pela viagem de um amigo que conseguimos nos guiar e também descobrir outros pontos maravilhosos como o Zion National Park.
Tivemos dificuldade de encontrar um roteiro que englobasse tudo que queríamos fazer, pois era uma distância longa a ser percorrida. Foi ousado, mas decidimos enfrentar os km juntos e dedicar duas semanas das nossas férias a essa aventura (com emoção!).

Quantos dias? Nós tivemos exatamente 15 dias de viagem e 12 dias de motorhome. Se pudéssemos, teríamos incluído alguns dias a mais para ter folga no volante e fazer outras trilhas mais pesadas sem me preocupar com o dia seguinte (o cansaço é grande depois do exercício e é bom ter dias mais leves para compensar).
Nós tivemos alguns momentos mais arriscados de cansaço na direção. Se estivéssemos em 4 pessoas dirigindo, isso já solucionaria parte do problema, mas nós dois tivemos que ter disposição para completar o trajeto.
Esse foi o nosso roteiro pela Califórnia, Arizona, Nevada e Utah:
Dia 1 – Chegada em Las Vegas
Dia 2 – Las Vegas > Grand Canyon (4h30 de direção)
Dia 3 – Grand Canyon > Page (parada para dormir)
Dia 4 – Horseshoe Bend > Lake Powell > Bryce Canyon (3h de direção)
Dia 5 – Bryce Canyon > Zion National Park (2h de direção)
Dia 6 – Zion National Park
Dia 7 – Zion National Park > estrada para Yosemite National Park (erramos a estrada e dormimos em Tonopah, fizemos 5h30 de direção)
Dia 8 – estrada para Yosemite (4h de direção) > Yosemite National Park
Dia 9 – Yosemite National Park
Dia 10 – Yosemite National Park
Dia 11 – Yosemite National Park
Dia 12 – Yosemite National Park
Dia 13 – Yosemite National Park > Sequoia National Park (4h de direção) > Tehachapi (parada para dormir, fizemos mais 3h de direção)
Dia 14 – Tehachapi > Las Vegas (3h30 de direção)
Dia 15 – Retorno Brasil
Aqui abaixo você vai encontrar um detalhamento de cada um desses 15 dias de viagem, com dicas práticas a partir do que vivemos nesse período a bordo de um motorhome pelos EUA.

Grand Canyon – 1 dia
Nós queríamos passar pelo Grand Canyon, mas não tínhamos a pretensão de fazer uma estadia demorada, pois sabíamos que é um parque mais cheio e turístico. Optamos por fazer apenas um dia e seguir viagem ao pôr do sol.
Chegamos de madrugada no Mather Campground, que é uma graça, e acordamos cedo para curtir o dia. Como o check-out do camping é geralmente às 11h, nós buscamos uma vaga pelo parque para estacionar o RV. O ideal é deixar o carro em um local fixo e usar o shuttle oferecido por eles, pois nem sempre é fácil encontrar vagas para carros grandes.
Sem dúvida, minha maior dica é que você separe o amanhecer e/ou o entardecer para ver a cor alaranjada que se desenha no Canyon. O Mather Point é uma excelente localização, por exemplo, para o nascer do sol.
Nós visitamos o Mather Point e o Yavapai Point, onde fica o Museu de Geologia. Indicamos a passada por lá, pois, apesar de pequenino, ele proporciona um excelente panorama da formação rochosa do local. Foi possível entender a erosão do canyon e sua relação com o Rio Colorado, além de ver (bem de longe) duas frestinhas do Rio e a famosa Ponte Kaibab, construída em 1928 para facilitar o transporte da parte sul para a parte norte do parque.

Por último, fizemos um trecho da Bright Angel Trail, trilha que desce o Canyon e permite que você veja de pertinho as suas texturas e cores. Como ela vai até a parte mais baixa, você é quem define quando quer voltar. Nós fizemos algo em torno de 4h, até um pouco depois da primeira parada.
Para fazer a descida por completo, é recomendado dividir em dois dias pela diferença de altitude de cerca de 1.300 metros. Nosso corpo não está acostumado e pode apresentar sintomas não muito agradáveis.
No fim do dia, pegamos o RV para seguir viagem até Page e tivemos a vista magnifíca do por do sol pela janela, passando pelo Pipe Creek View.
Page foi nossa primeira aventura sem camping reservado, o famoso wild camping. Nos atrasamos muito na estrada e não quisemos seguir até o Lake Powell para tentar dormir em um camping em meio a natureza, que era realmente lindo.
Estávamos muito cansados e precisávamos passar no mercado, abastecer, trocar a água do carro, resolver o problema do gás no dia seguinte cedo… Page tinha tudo isso. Então fomos no Maverick, posto que não cobrava pela Dump Station, e depois dormimos no estacionamento do Wallmart mesmo.
Page tem a opção de campings com eletricidade e chuveiro, mas a média era de 100 dólares a noite. Optamos por não ter esse gasto e ficar na autonomia do nosso RV. Todas essas informações ficam bem detalhadas no site ioverlander.com e no aplicativo RVparky.
Horseshoe Bend – passagem
Que lugar lindo! É uma parada muito rápida, com uma caminhada curta que não leva nem 30 minutos, mas a vista realmente é muito diferente. É um lugar para sentar, ficar admirando, e guardar na recordação.

A gente tem o palpite de que ele bombou por conta das redes sociais, já que oferece uma foto digna de muitas curtidas, e por isso a cidade se desenvolveu em torno disso.
Ali perto tem também o Antelope Canyon, mas esse não reservamos com antecedência e acabamos não indo, pois os preços na hora são bem mais salgados. Estavam cobrando 120 dólares a visita. Quem tiver vontade de conhecer, recomendo essa reserva com antecedência. O Horseshoe Bend só cobraram 10 dólares para o estacionamento.
Lake Powell – passagem
Seguimos de lá para nosso próximo destino, o Bryce Canyon, mas no caminho ficamos encantados pela vista do Lake Powell, mais especificamente no Wahweap Overlook.

Estava bem quente, então perguntamos se havia algum lugar para um mergulho. Para nossa felicidade, há uma parte bem escondida e pequenina reservada ao banho. Descemos muito felizes, nos refrescamos por um tempo, almoçamos no RV com uma vista linda, e depois voltamos para a estrada. Recomendo a pequena parada durante o trajeto.
Para quem quiser dormir, tem um camping dentro do parque: Wahweap Campground & RV Park.
Bryce Canyon – 2 dias
Nossa viagem pelos quatro estados do sudoeste americano (Califórnia, Arizona, Nevada e Utah) estava só começando e já havíamos cruzado 2 divisas até chegar no Bryce Canyon.
A chegada foi maravilhosa! Uma nova paisagem para admirarmos com tantas rochas vermelhas pontiagudas de formatos diferentes nas montanhas chamadas hoodoos. Ao longo do dia as cores vão se transformando e cobrindo as rochas, esculpidas pela erosão do vento, água, e gelo.

Na nossa chegada, estacionamos no North Campground, um dos camping que mais gostamos na viagem toda. Dali é possível fazer tudo a pé com o shuttle do próprio parque, que funciona até às 20h no outono.
Fomos ao Sunset Point ver o pôr do sol, passeamos pelo Inspiration Point, e, no segundo dia, fizemos a Queens Garden e The Navajo Loop Trail, caminhos distintos que se juntam em um só e permitem que você caminhe por entre as rochas descendo pelo canyon.
O parque é bem sinalizado e atende a todas as idades, vimos muitos grupos diferentes em momentos de lazer.
Zion National Park – 2 dias
O Zion foi a primeira grande surpresa da viagem! Chegar dirigindo por entre as montanhas é arrebatador, de tirar o fôlego mesmo. Ao sair do túnel, vindo do Bryce Canyon, nos deparamos com uma imensidão que ainda não tínhamos visto nos outros parques. E a partir dali Zion passou a ser uma das nossas paradas preferidas!

No parque também é possível ver um pôr do sol maravilhoso e, para os praticantes de corrida ou bicicleta, há uma ciclovia/trilha plana bem no meio do vale que é linda para um passeio tranquilo.
Nós ficamos estacionados no Watchman Campground, que fica embaixo da Watchman Mountain. A vista da pedra é maravilhosa e o local é super calmo, mas a uma distância de poucos minutos a pé do barzinho, lojinhas, centro de visitantes e chuveiros (pagos). Foi uma excelente escolha.

The Narrows
No dia seguinte à nossa chegada, fizemos o The Narrows, uma caminhada plana para dentro de um canyon por quilômetros e quilômetros com os pés dentro d’água. Aqui vale prestar muita atenção nas condições meteorológicas, pois há sério risco de tromba d’água em caso de chuva.
O passeio é muito agradável, com temperaturas mais baixas – vale até um casaco impermeável – e bastante sombra, mas bem cheio. O ideal é ir bem cedinho para poder aproveitar antes do horário de mais movimento e conseguir entrar bastante no canyon, pois a caminhada ida e volta pode chegar até a uns 16km.
Angels Landing
No segundo dia, fizemos a Angel’s Landing, famosa trilha com um final bastante arriscado e não indicado para aqueles com medo de altura. Para a parte final é necessária uma permissão, nós tentamos duas vezes até conseguir. Você aplica pelo site oficial, paga uma taxa de 6 dólares, e, caso sorteado, ainda paga pela permissão em si.

Eu não tenho medo de altura, então sem dúvida foi a trilha que mais gostei na viagem toda. Super indico! E mesmo que não consiga a permissão, a vista até antes do trecho final já é linda e vale a pena o esforço.
Obs: há diferentes prazos para pedir a “permit”. Você pode pedir com meses de antecedência, porém, se perder o prazo, eles abrem novas vagas geralmente um dia antes. Vale checar quando estiver planejando a viagem!
Yosemite – 5 dias
Depois de uma esticada de mais ou menos 9h de direção, chegamos enfim ao Yosemite. Dividimos esse trecho em dois dias, até porque cruzaríamos 4 estados americanos (Utah, Arizona, Nevada e Califórnia) nesse trajeto. Logo após a Angel’s Landing fizemos 5h30, mesmo muito cansados, e, no dia seguinte de manhã, completamos com mais 4h no volante.
Nós optamos por chegar pela Tioga Road, estrada icônica que dá acesso a uma das entradas do parque e nem sempre está aberta aos visitantes por questões climáticas. Sem nem pensar fizemos uma parada no Tioga Lake e demos um mergulho nessa água de degelo. Estar em um RV é se abrir ao inesperado e abraçá-lo para guardar boas memórias!

Dedicamos 5 dias ao Yosemite National Park e fizemos um mix de trilhas e momentos de descanso. O parque tem espaços ótimos para uma leitura na grama ou banho de sol no rio, então vale ter uma folga para poder relaxar.
Upper e Lower Falls
Como fomos em setembro, já não havia água nenhuma nessas cachoeiras. Mesmo assim fizemos a trilha para a Upper Falls, pois sabíamos que daria uma bela vista do vale.
Fui bem desavisada e confesso que fui surpreendida. Achei difícil a subida. Levamos quase 5 horas até o topo e ficamos sem água para a descida. O perrengue valeu a pena, mas recomendo irem mais preparados. Depois disso, nunca mais vou sem água suficiente para as caminhadas rs.

Nevada e BrideVail Falls
Essas duas cachoeiras estão no caminho para a subida do Half Dome. É uma trilha que achei tranquila e a possibilidade de ficar relaxando no rio antes da Nevada Falls ajuda muito a quebrar qualquer sensação de esforço.
Como fomos em época de águas mais escassas, conseguimos mergulhar no rio tranquilamente. Imagino que na primavera seja proibido, já que haviam placas pelo perigo da correnteza. Levamos mais ou menos umas 5h no total, com o tempo de descanso.
Half Dome
Percorrer a trilha até o Half Dome revelou-se não apenas uma aventura marcante, mas também um profundo aprendizado. Este trecho emblemático, com cerca de 26 km ida e volta, desafia mesmo os mais preparados, e a nossa experiência não foi diferente.
Começamos antes do amanhecer, levantando às 4h da manhã, prontos para enfrentar a famosa John Muir Trail. O frio penetrante da madrugada atacava nossas pernas já cansadas das trilhas do dia anterior. No entanto, ganhamos um novo vigor depois de uma parada rápida para um lanchinho.
Chegamos enfim na Nevada Falls, mas mal sabíamos que a jornada até os cabos do Half Dome ainda nos reservaria um longo caminho pela frente, repleto de dificuldades. Quando a subida íngreme antes dos cabos surgiu à nossa frente, a exaustão se fez sentir como nunca antes, agravada por um sol escaldante que deixava o topo da pedra sem qualquer sombra para um alívio momentâneo.

É essencial destacar a importância de luvas antiderrapantes e cintos de segurança nessa empreitada. Na nossa imprudência, não levamos nenhum desses itens. Felizmente, encontramos um grupo generoso que, ao desistir de sua subida, emprestou-nos suas luvas. A escalada nos cabos impõe um ritmo próprio: os hikers, por vezes, enfrentam congestionamentos humanos enquanto negociam cada passo, entre aquele que desce e aquele que sobe.
A tensão era palpável, com pessoas parando nas estacas de apoio, algumas dominadas por temor, outras buscando fôlego. Diante desse drama, Gui decidiu recuar, e eu, sentindo-me desconfortável, segui seu exemplo.
Essa experiencia foi um lembrete claro de que aquela rota não é nem remotamente segura ou bem organizada. A travessia revela impaciências e imprudências de ambos os lados do espectro de experiência, reforçando a necessidade do cinto de segurança. Incidentes são conhecidos naquele trecho, e um acidente fatal ocorrido um mês antes de nossa tentativa lembrava da gravidade de uma investida sem ressalvas.
Para aqueles que ousarem aventurar-se, a permissão para a ascensão é requerida e pode ser obtida via sorteio no site recreation.gov. Em contraste com outras trilhas como Zion, notamos a falta de controle ao longo da subida, o que acentua ainda mais a necessidade de cuidados.

No caminho de volta, a recompensa veio sob a forma de um mergulho no rio gelado, que apaziguou o cansaço e o estresse acumulados nos cabos desafiadores.
Recomendo a experiência? Sem dúvida! Mas sempre priorizando a segurança. Para os aventureiros, há ainda a opção de acampar após Nevada Falls, dividindo a escalada em dois dias. Este estilo de camping “wild” possibilita enfrentar os cabos mais descansado e anteceder os que iniciam a jornada ao raiar do dia.
Mirror Lake
De resto, descansamos muito, tomamos as cervejas do próprio Yosemite que tem um ótimo preço nas lojinhas e demos uma corrida até o Mirror Lake.
O Yosemite Valley é lindo! De carro, subimos até o Tunnel View para a clássica foto que mostra os pontos mais icônicos do parque, e assim nos despedimos desse parque nacional dos EUA.

Ursos
Não vimos nenhum e até hoje não sei se estou triste ou feliz com isso. Porém, há avisos POR TODA PARTE. Eles estão ali e é essencial que os visitantes sigam as regras de proteger as comidas. O grande lema é “mantenha os ursos selvagens”.
Então se pegarem suas comidas espalhadas pelo camping ou parque, você facilmente será advertido. Se o urso pegar, você possivelmente será multado. Em relação ao perigo, eles orientam a como reagir caso encontre algum. É recomendado que você grite, levante os braços e jogue coisas na direção do urso para assustá-lo.
Sequoia – passagem
Para fechar nosso roteiro pela Califórnia, Arizona, Nevada e Utah, fizemos uma visita rápida ao Sequoia National Park.
Decidimos não sair do Yosemite pela Tioga Road, que passamos na ida, e saímos pela parte de baixo do parque, no caminho para Mariposa Groove. Optamos por Sequoia, pois as árvores gigantes mais conhecidas estão lá.
Fizemos a trilha para a General Sherman Tree, a maior árvore de todas, sendo a mais volumosa do mundo. Tivemos problemas para acessar alguns espaços, pois lá não é aconselhado para RVs com mais de 22 pés e estávamos com um de 30.
Por isso, se tiver como destino esse parque, recomendo um RV menor, para dirigir com mais segurança e tranquilidade por entre as árvores e pela estrada de acesso.

Dúvidas frequentes de quem pesquisa como montar um roteiro Califórnia, Arizona, Nevada e Utah
Reuni aqui algumas das dúvidas que podem surgir na hora de planejar uma viagem pela Califórnia, Arizona, Nevada e Utah.
Carro ou motorhome?
Essa é uma pergunta que depende muito do estilo da viagem que se quer fazer. Acredito que em termos financeiros a diferença não seja tão grande, pois de carro há o preço do carro, dos hotéis (e aí pode variar bastante) e das refeições.
No motorhome dá para economizar muito com comida, nós cozinhávamos todos os dias e comíamos super bem. Fora que foi muito gostoso criar essa relação de casa com o espaço! Ainda há uma possibilidade maior de mudanças de roteiro e paradas para almoço/lanches em paisagens lindas.
Outro ponto é que hoteis dentro dos parques podem ser caros, então ficar fora do parque pode significar cerca de 1h de direção antes do passeio e em alta temporada também pode existir uma dor de cabeça para encontrar vaga.

Quanto custa alugar um motorhome nos EUA?
Como falei, o preço depende de oferta e demanda. Nossa média ficou em 170 dólares a diária através da Motorhome Trips alugando o Cruise America C30.
Pela estrada, vimos todo tipo de RV. Há alguns mais compactos e simples, como vans, e outros bem mais robustos e chiques. Acredito que há opções para diferentes orçamentos, mas com a Motorhome Trips tivemos a segurança de fazer uma primeira viagem com assistência e mediação em português, o que ajudou bastante.
Dica: ao usar o cupom de desconto MALADEAVENTURAS você consegue 3% OFF, alugando seu motorhome com a Motorhome Trips.
Basta fazer contato via Whatsapp, e dizer que é nosso leitor!
Onde estacionar o motorhome nos EUA?
Existem algumas opções na hora de buscar um local para pernoitar próximo dos parques nacionais dos EUA:
Campings nos parques nacionais
Para estacionar dentro dos parques nacionais, você é obrigado a alugar uma vaga em um camping. Em todos que visitamos tinham placas dizendo que não era permitido pernoitar fora desses espaços, por exemplo.
Primeira questão: os campings dentro dos parques são bem disputados, principalmente os do Yosemite. Depois do RV, eu diria que o próximo passo é se familiarizar com o site Recreation.gov e descobrir os campings dos locais que você quer visitar.
Nós demos sorte, pois todas as nossas diárias do Yosemite a gente conseguiu por conta de desistências de outros viajantes. Criamos alertas no Recreation e ficamos entrando quase todos os dias para acompanhar.

Nossos campings foram:
- Grand Canyon: Mather Campground
- Zion National Park: Watchman Campground
- Yosemite National Park: Upper Pines / Lower Piner / North Pines Campground / Hog
No Yosemite, ficamos em quatro campings diferentes pela questão da desistência. Os três campings melhor localizados são os Pines, que ficam dentro de Yosemite Valley, um do lado do outro. Nós ficamos apaixonados pelas vagas do North Pines que beiram o rio. Foi maravilhoso acordar e se banhar ali. O Upper é o maior, logo, o mais movimentado.
Wild Camping
Nos Estados Unidos, você pode fazer o que eles chamam de Wild Camping e há algumas regras para isso. Nós acabamos não parando em áreas desertas, no meio da estrada, mas tivemos que dormir duas noites em posto de gasolina (Love’s) e uma no estacionamento do Walmart.
O Love’s é uma boa referência, pois eles permitem o pernoite e muitas vezes tem também uma dump station, onde você pode despejar a água suja do carro e abastecer o reservatório de água limpa. Os postos cobram de $10 a $15 dólares por isso, mas se você abastecer o tanque de gasolina dá para negociar de não pagar.

Apps para baixar antes da viagem
- iOverlander: Esse site nos ajudou muito a descobrir lugares para cada uma de nossas emergências ou necessidades: paradas de wild camping, posto de gasolina com gás propano, campings, dump station, etc. Ele evitou que perdêssemos tempo procurando aleatoriamente informações ou perguntando na estrada. Na plataforma, você tem acesso aos comentários e informações de outros viajantes, que vão marcando no mapa onde conseguiram usar variados tipos de serviço.
- RV parky: Perfeito para ver os campings de RV pelo caminho.
Pronto para viajar de Motorhome pela Califórnia, Arizona, Nevada e Utah?
Recomendo muito que você faça uma viagem de motorhome dessas pelo menos uma vez na vida! É uma experiência única! Sem contar que é possível criar memórias especiais ao longo do percurso, estreitar laços, e se deparar com belezas surreais da natureza.
Ah, e caso você ainda tenha alguma dúvida é só deixar uma mensagem aqui embaixo que tentaremos te ajudar, ok?
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